Voltar a escrever no blog depois de tanto tempo afastada
dele é estranho. Essa escrita de confissão me soa indiscreta, mas é agradável
também. Não farei um apanhado do que vivi no meu silêncio, hehe, mas vou partir
do momento atual: fisioterapia para dor nas costas.
Larguei a musculação e fui para o pilates, imaginando
assim, encontrar um equilíbrio melhor nas atividades físicas e fugir do
pancadão da academia. No pilates, me exercitava ao som de Djavan ou Jorge
Vercillo. haha. Mas tocava baixo. Até que dei um jeito nas costas e quando isso
acontece, me torno uma assídua frequentadora das clínicas ortopédicas.
Todos os dias, tenho um encontro marcado com os
fisioterapeutas. Eu até que gosto. Na recepção, tenho feito amizade com as
senhoras mais velhas. Os fisioterapeutas são personagens. Quase todos. É
inacreditável os diálogos que se ouve. Adoro.
Mas o melhor diálogo que vivi foi na semana passada.
Conversando com uma senhora judia, que contava sobre seus antepassados para uma
outra mulher, e toda a conversa era por causa de uma novela, eu logo me
intrometi e quis saber da estória. Dali, falei que visitei um campo de
concentração na Alemanha. A mulher ao lado disse que nunca iria viajar para ir
num lugar desses, que não gosta de coisa triste. Expliquei que é importante ter
conhecimento desses lugares e do horror de uma guerra. A senhora judia
concordava. Até que comentei sobre o uniforme que os presos usavam: um pijama
feito de uma material parecido com lona. Mas para o inverno do campo era
inútil. A mulher se indignou e perguntou se ninguém tomava uma providência. A
senhora judia interrompeu e disse que o lugar, hoje, está vazio. Que aconteceu
há muitos anos. A mulher só respondeu um ahhhh e se calou.
Pensei que mais impactante do que pisar num campo de
concentração é a ignorância. Saber ler e escrever, somente, não transforma uma
nação. E imaginar que ela representa a maior parte dos brasileiros. Triste
nação.