"Nem da alma nem do coração. Os personagens de Ana Paula Maia sofrem do fígado.”
O Estado de São Paulo

“É preciso entender muito de ficção, de realidade e de representação da realidade para poder escrever assim.”
O Globo

“Ana Paula encontra, em meio às manobras mais repulsivas, o tom mítico de uma maldição bíblica, disfarçada nos popismo de superfície.”
Rolling Stone Brasil

"Suas palavras surgem como elementos secos, pedaços de osso que vão montando o esqueleto de um monstro bastante familiar, que nada mais é do que a realidade da qual a gente se acostumou a desviar o rosto.”
UOL

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23.7.13

Nação Zumbi


Voltar a escrever no blog depois de tanto tempo afastada dele é estranho. Essa escrita de confissão me soa indiscreta, mas é agradável também. Não farei um apanhado do que vivi no meu silêncio, hehe, mas vou partir do momento atual: fisioterapia para dor nas costas.

Larguei a musculação e fui para o pilates, imaginando assim, encontrar um equilíbrio melhor nas atividades físicas e fugir do pancadão da academia. No pilates, me exercitava ao som de Djavan ou Jorge Vercillo. haha. Mas tocava baixo. Até que dei um jeito nas costas e quando isso acontece, me torno uma assídua frequentadora das clínicas ortopédicas.

Todos os dias, tenho um encontro marcado com os fisioterapeutas. Eu até que gosto. Na recepção, tenho feito amizade com as senhoras mais velhas. Os fisioterapeutas são personagens. Quase todos. É inacreditável os diálogos que se ouve. Adoro.

Mas o melhor diálogo que vivi foi na semana passada. Conversando com uma senhora judia, que contava sobre seus antepassados para uma outra mulher, e toda a conversa era por causa de uma novela, eu logo me intrometi e quis saber da estória. Dali, falei que visitei um campo de concentração na Alemanha. A mulher ao lado disse que nunca iria viajar para ir num lugar desses, que não gosta de coisa triste. Expliquei que é importante ter conhecimento desses lugares e do horror de uma guerra. A senhora judia concordava. Até que comentei sobre o uniforme que os presos usavam: um pijama feito de uma material parecido com lona. Mas para o inverno do campo era inútil. A mulher se indignou e perguntou se ninguém tomava uma providência. A senhora judia interrompeu e disse que o lugar, hoje, está vazio. Que aconteceu há muitos anos. A mulher só respondeu um ahhhh e se calou.

Pensei que mais impactante do que pisar num campo de concentração é a ignorância. Saber ler e escrever, somente, não transforma uma nação. E imaginar que ela representa a maior parte dos brasileiros. Triste nação.